21.7.16

Conheça os Correspondentes: Carlos Roque, de Cubatão–SP

CARLOS ROQUE BARBOSA DE JESUS – CUBATÃO – SP

Perguntaram para a minha filha de quatro anos o que o pai dela mais gostava de fazer. Sem titubear, respondeu de pronto: “de trabalhar e de desenhar”. Então fica fácil falar que gosto de desenhar desde, que me lembro, os meus 7 anos de idade, quando ganhei um concurso na escola, com um desenho do meu pai, para os festejos dos dias dos pais.

Estudei marcenaria no Senai da Ponta da Praia, em Santos, no qual tínhamos que projetar os móveis que iríamos construir. Depois resolvi estudar desenho mecânico em São Paulo, no Bairro da Liberdade. Não me perguntem porquê, pois nem eu sei o motivo para uma coisa tão sem sentido como esta, mas que me permitiu, depois de uma visita não guiada – na verdade uma invasão na obra - ao prédio do Citibank de Afallo&Gasperini, na Avenida Paulista, decidir que seria arquiteto.

Na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Santos – FAU-SANTOS - em meu primeiro ano, fui aluno do Paulo Von Poser, que iniciava neste ano de 1987, também sua carreira de docente, nos ensinando a carregar um caderno de desenho aonde fôssemos. Formei-me, apresentando um TFG – Trabalho Final de Graduação - carregado de desenhos da área portuária de Santos, o que ajudou muito na boa acolhida do projeto elaborado, inclusive com a inscrição do meu projeto na primeira edição do Concurso Ópera-Prima, da revista Projeto, alcançando a fase final do concurso.




Tive este bom hábito de desenhar até 1995, quando minha carteira de clientes aumentou e o projeto arquitetônico só me permitia alguns croquis rápidos de elaboração inicial dos projetos. Fiquei sem desenhar com regularidade até 2010, quando recomeçei aos poucos tentar reeconcontrar o meu traço e participando, em seguida, do curso de desenho do Eduardo Bajzek, focado na utilização de canetas tipo marcadores.









Mas o ponto da virada foi uma viagem à Europa em 2013, passando por Portugal, Espanha, Itália e França, na qual desenhei bastante e por não ter gostado do resultado destes desenhos me propus a voltar a desenhar e sair em busca do traço perdido.




Participei em seguida do USK PARATY 2014, vivenciando a experiência de que o desenho é um objetivo traiçoeiro, pois se apresenta fácil, mas revestido de várias vertentes gerais e com muitas facetas pessoais, o que o torna delicioso, ao observar sua elaboração e o resultado final.



Depois do USK PARATY, cravei duzentos dias ininterruptos, de ao menos um desenho por dia. Foi bom ver os cadernos sendo preenchidos com cores, traços e experiências, que muitas delas puderam ser observadas por vocês, pois foram postadas no facebook do Urban Sketchers Brasil.

Em 2014 participei do curso de aquarela com Luís Castañón na Faculdade de Belas Artes, que sem dúvida me ajudou e me encorajou a colocar cor nos meus desenhos, pois eles eram invariavelmente preto sobre o branco, com uma pincelada aqui e ali de cores primárias.




Em 2015 participei do curso de Desenho Livre com Márcia Cimbalista na ECA-USP e a experiência foi enriquecedora, pois semana após semana, desenhando e ouvindo críticas sobre a minha produção, o que resultou em uma análise mais apropriada de onde eu estou, como estou, onde quero chegar e como vou atingir com a qualidade esperado os meus objetivos.





Com esta bagagem, participei, com um pouco mais de autonomia, do USK BRASIL CURITIBA 2016, onde novamente, a coletividade dos desenhistas de rua se mostrou em toda sua plenitude, reunindo desenhistas do Brasil todo – só não lembro de alguém da Região Norte – mostrando que tenho muito o que desenhar, muito o que ver, muito o que mostrar, e o melhor de tudo, que não faltará oportunidade para nos encontrarmos e nos reencontrarmos.




Moro em Cubatão – SP; nasci em Santos, porque não tinha maternidade em Cubatão., e trabalho na Prefeitura da Cidade desde 2009 e há cinco anos ocupo o cargo de Diretor do Departamento de Planejamento Urbano, tentando observar os impactos da economia na configuração urbana do município e o que não me falta são reuniões, para discutir o orçamento municipal, a construção de mais um escola ou creche, elaborações de convênios e os repasses do governo federal ao caixa do município.




Mas observando, pouco desenhei e mostrei da minha Cidade, pois quase sempre vou a Santos, para a casa da minha sogra nos finais de semana. Além disso, sempre que posso, vou à Vila Belmiro, ver o Glorioso Santos Futebol Clube jogar.




Cubatão é a única cidade da Região Metropolitana da Baixada Santista que não é banhada pelo Atlântico – nos sentimos um pouco como os mineiros, que perderam sua Ponta de Areia. Mas isto irá mudar, não que Cubatão terá mar ou o Santos passará a jogar no Centro Esportivo da Cidade, mas que em breve iniciarei o Projeto CUBATÃO. Comprei um Moleskine A3 e pretendo usá-lo para desenhar Cubatão de fio a pavio. Podem me cobrar.

Como também cometo o pecado da poesia e quando encontro meus amigos poetas sempre os saudo-os com a expressão – Que o verso nunca lhe falte! E a vocês, só posso saudá-los, DESEJANDO QUE NO DIA QUE LHES FALTAREM O LÁPIS, POSSAM UTILIZAR, PARA MAIS UMA VEZ REGISTRAR O MUNDO, O GRAFITE E A TINTA GUARDADA DEBAIXO DE VOSSAS UNHAS.


Um comentário:

  1. Carlos, belíssimo texto, a sua simpatia é contagiante. Forte abraço e bons ventos com os desenhos de Cubatão.

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