31.8.15

Sou eu que não sei mais aquarelar ou será meu material?

Já faz algum tempo que venho pensando sobre um assunto quando vou aquarelar na rua e quando vejo outros artistas fazendo o mesmo.

Muitas vezes ao final do desenho me pergunto se a aquarela realmente chegou onde eu queria naquele momento.
Se você já pintou na rua com certeza se fez a mesma indagação.

Você fica encarando seu desenho após aqueles minutos pintando, e pensa algo como “Aqui as sombras não ficaram como queria...eu devia ter saturado ou dessaturado mais as cores...Ah droga de tempo quente, secou muito rápido...”
Sou eu que não sei mais aquarelar ou será meu material?

Abaixo tenho exemplos disso.
Detalhe da fachada da Faculdade de Direito de SP em um sketchbook impróprio para aquarela de 100g/m²
Desenho feito no Parque do Ibirapuera -SP em um sketchbook impróprio para aquarela de 160g/m²

O interessante de se notar nestes dois desenhos apresentados a forma como a aquarela “explode” com facilidade e torna se difícil trabalhar a mescla de cor, gerando uma aquarela com mais linhas.
Detalhe da Casa das Rosas- SP a noite em um sketchbook para aquarela de 300g/m²
Estátua de Pedro Alvares Cabral -Ibirapuera-SP  em um sketchbook para aquarela de 300g/m²


Interior da Catedral da Sé - SP em um sketchbook para aquarela de 300g/m²
Este papel permitiu tratar uma mescla de cor muito mais sutil e a aquarela passa uma sensação de ter sido feita com mais calma, sem as ondulações de um papel impróprio.


Pensando nisso cheguei a uma conclusão simples, que vai fazer sentido para alguns.

Cada papel é para um momento, quando se está na rua. Eles vão ter comportamentos diferentes dependendo de sua composição, densidade e coloração.

E ai que está o segredo. Da mesma forma como escolhemos se faremos a caneta ou a lápis, devemos escolher o tipo do papel, e respeitar suas características. 
Pois quando desenhamos na rua dezenas de pensamentos, idéias, detalhes e emoções ocorrerão durante o processo, e cabe a nós como artistas filtrarmos e colocarmos no papel certo e com o material certo.
Para que possamos passar ao outros todos aquelas informações e sentimentos sem dizer uma palavra. 

E quanto mais cedo aprendemos a escolher o material e técnica certos, mais tempo teremos para contar as inúmeras histórias diárias que queremos contar, sem dizer uma palavra.


Espero que tenham gostado, e que tenha sido útil.
Um forte abraço a todos e que nossa paixão pelo desenho urbano contamine cada vez mais gente.

2 comentários:

  1. Obrigada por transmitir suas ideias sobre as dificuldades no trabalho ao vivo! A Aquarela também é temperamental!
    mclarice

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  2. Texto e demonstrações muito pertinentes. No nosso grupo temos vários especialistas em aquarela e vou aguardar as reações dos colegas. Muito obrigado por contribuir para nossa aprendizagem.

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