27.3.17

Estive em São Paulo e lembrei-me de vocês

Era abril de 2016, vai fazer aniversário daqui a alguns dias, estive em São Paulo - a mega, a monstra, a intensa e maluca cidade. Fiquei uma semana para estudar e consegui encaixar alguns espasmos desenhísticos no caderno. Digo espasmos pois o tempo foi curto para tanta vontade e tanto assunto bacana pra ver e registrar, e dava uma agonia não ter tempooooooo. Mas aí vão algumas dessas lembranças paulistanas. Não estão aí aquelas paisagens mais emblemáticas que a gente relaciona a "um olhar de turista", não houve tempo pra elas, mas estão as cenas que deram consistência e emoção aos dias que passei por lá.

Na janela do apartamento dos amigos que me acolheram no Tatuapé tinha uma bela visão pro rebuliço urbano e um pouco de verde, em primeiro plano, e roubando a cena, a gigante tipuana (essa árvore que eu sei o nome, rs) da praça.

Nesse primeiro dia só consegui desenhar no sketchbook muito mais tarde, quase meia-noite, fazendo um lanche depois do curso e da longa viagem até em casa. Dois casais me fizeram companhia na lanchonete enorme, com muitas mesas, mas quase todas vazias aquelas hora


Dia seguinte, já tinha agenda marcada, tomar café numa Padoca, símbolo máximo, pra mim, dessa cidade. Meus anfitriões fizeram indicações, mas por sorte não encontrei as que eles achavam que eu procurava. Logo perto achei uma de esquina, com sabor de bairro e clientes conhecidos. Roubei uma banqueta e prolonguei meu café para fazer esse registro abaixo.


Repararam as casas coloridas no lado? Confesso que desenhei tudo isso pra enquadrar essas típicas casas paulistanas, de dois andares e coladas nas calçadas, quase sem espaço para estacionar o carro. A padaria se chamava "Trem Bão", ironia de viagem.

Mas vamos em frente que aí vem desenho. No trecho de metrô que não estava lotado, consegui sacar minha caneta e desenhar a cena. Esse desenho aí, fiz a prestação, dia 5 à esquerda, dia 6 à direita. Até o braço da moça tatuado foi em um dia, e a moça da bolsa com desenhos do Romero Brito foi no dia seguinte.





Onde eu fazia o curso, da incrível ilustradora Rebeca Luciani, era perto do Unibes Cultural. Quem mora em cidade grande e depende de transporte coletivo sabe, ou se chega cedo, ou atrasado. No dia que cheguei cedo consegui fazer uma visita lá dentro. Acho que esse é meu sketch com mais jeito de arquiteto que fiz. Mas o ambiente com grande pé direito pedia o registro dessa escala, e um desenho mais proporcional foi minha escolha.


Dia seguinte, Padoca de novo, agora a Perfil Padaria, outra encontrada por acaso. Essa era mais o esquema de "aqui tem de tudo pra todas as horas do dia". Lugar incrível, muita gente tomando seu café antes de começar o trabalho. Sei lá, acho que o desenho em PB tava melhor, mas nunca dá pra saber o que vai acontecer no sketch não é mesmo?




Dia 7, finalmente conseguir encontrar um habitante do Urban Sketcher São Paulo, e foi logo quem? O gentleman Ronaldo Kurita! Arrumou uma dica super legal do Tatuapé e fomos lá desenhar a primeira casa do bairro, pô, demais, uma casa de bandeirantes perdida ali naquele bairro cheio de ruas apertadas, e é numa dessas ruas que a gente dá nesse oásis de história do Brasil - a Casa do Tatuapé.




A viagem tava acabando, snif, snif, ainda restava vontade pra alguns milhares de desenhos. Mas, é assim, a gente tem que ir embora com vontade de quero mais, assim como no final dos encontros semanais. Fiz meu último sketch paulistano, no Sumaré, uma tentativa de cena noturna, ainda estava apanhando muito da aquarela no sketchbook da Hahnemühle, que é bastante poroso para aguentar muitas camadas de água. Mas até que salvou-se.


Os desenhos foram esses. E como bom caderno de viagem, esses registros são infinitamente mais intensos que as fotos que eu poderia ter tirado. São emoções registradas a fundo, proporcionais ao tempo que dedicamos a elas. E que agora, um ano depois, saltam vívidas. E acredito que continuará assim por muito tempo.

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