Desenhar ou não os carros da cena? Eis a questão. Eu mesmo convivo com esse conflito do mundo dos sketchers. Claro que podemos eliminá-los simplesmente, omití-los, fazer de conta que não estão ali. Se eles não são objeto de nosso desenho, vale tudo. Mas assim como os postes e fios, pessoas e o mobiliário urbano, eles podem ajudar a contar a história daquele momento.
Depois de passar raiva em alguns dos meus desenhos que foram por água abaixo depois de colocar um carro na paisagem, costumo torná-los invisíveis. Tem pouco tempo que obtive alguma harmonia entre arquitetura e veículos, apesar do insucesso ainda estar muito presente.
Há sketchers famosos por seus desenhos de veículos. O Flávio Ricardo, Fede Tessa, Fabien Denoel, Lapin, Jenny Adam, Nina Johansson, o falecido Florian Afflerbach e muitos outros que fazem isso parecer uma tarefa simples. Mas não é. Desenhos muito legais podem perder toda sua graça pela presença de um desenho de veículo que não está a altura do restante da cena.
Tenho buscado uma simplicação que me agrade, e nessa busca tenho envelhecido os carros, rs. Antes eu dizia que "todos os meus carros eram fuscas". Mas agora digo "todos meus carros são velhos". O Fabiano Vianna diz que só fica bonito no desenho aquilo que o design do costume já aprovou - um barco de pesca tradicional fica melhor do que uma lancha, um fusca antigo que um carro do último tipo. Então, seguindo essa lógica, envelheço os carros.
Como quase nunca são elementos principais das minhas cenas, faço com um traço bem despojado, mais verticalizando, ou seja, deixo eles mais altos, comos carros antigos, e rodas menores meio aquadradadas (se existe essa palavra), como os desenhos das crianças. O restante vem de uma sombra horizontal no meio do carro para marcar a vinco da lataria. No máximo um detalhe na transparência do vidro, a placa, o formato do farol. Não acerto sempre, claro, mas desse jeito tenho conseguido escapar da praga do carro, ops, da maldição do carro que estraga o desenho.
Nesse primeiro de maio saí pra dar uma esticada e tentei fazer um desenho, que pelo tempo e a complexidade ficou uma M. Resolvi esconder esse resultado pífio com alguns estudos de carro e aí abaixo vai o resultado desse processo. Carrinhos modernos com jeitão de bem usados.
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3.5.17
27.3.17
Estive em São Paulo e lembrei-me de vocês
Era abril de 2016, vai fazer aniversário daqui a alguns dias, estive em São Paulo - a mega, a monstra, a intensa e maluca cidade. Fiquei uma semana para estudar e consegui encaixar alguns espasmos desenhísticos no caderno. Digo espasmos pois o tempo foi curto para tanta vontade e tanto assunto bacana pra ver e registrar, e dava uma agonia não ter tempooooooo. Mas aí vão algumas dessas lembranças paulistanas. Não estão aí aquelas paisagens mais emblemáticas que a gente relaciona a "um olhar de turista", não houve tempo pra elas, mas estão as cenas que deram consistência e emoção aos dias que passei por lá.
Na janela do apartamento dos amigos que me acolheram no Tatuapé tinha uma bela visão pro rebuliço urbano e um pouco de verde, em primeiro plano, e roubando a cena, a gigante tipuana (essa árvore que eu sei o nome, rs) da praça.
Nesse primeiro dia só consegui desenhar no sketchbook muito mais tarde, quase meia-noite, fazendo um lanche depois do curso e da longa viagem até em casa. Dois casais me fizeram companhia na lanchonete enorme, com muitas mesas, mas quase todas vazias aquelas hora
Dia seguinte, já tinha agenda marcada, tomar café numa Padoca, símbolo máximo, pra mim, dessa cidade. Meus anfitriões fizeram indicações, mas por sorte não encontrei as que eles achavam que eu procurava. Logo perto achei uma de esquina, com sabor de bairro e clientes conhecidos. Roubei uma banqueta e prolonguei meu café para fazer esse registro abaixo.
Repararam as casas coloridas no lado? Confesso que desenhei tudo isso pra enquadrar essas típicas casas paulistanas, de dois andares e coladas nas calçadas, quase sem espaço para estacionar o carro. A padaria se chamava "Trem Bão", ironia de viagem.
Mas vamos em frente que aí vem desenho. No trecho de metrô que não estava lotado, consegui sacar minha caneta e desenhar a cena. Esse desenho aí, fiz a prestação, dia 5 à esquerda, dia 6 à direita. Até o braço da moça tatuado foi em um dia, e a moça da bolsa com desenhos do Romero Brito foi no dia seguinte.
Onde eu fazia o curso, da incrível ilustradora Rebeca Luciani, era perto do Unibes Cultural. Quem mora em cidade grande e depende de transporte coletivo sabe, ou se chega cedo, ou atrasado. No dia que cheguei cedo consegui fazer uma visita lá dentro. Acho que esse é meu sketch com mais jeito de arquiteto que fiz. Mas o ambiente com grande pé direito pedia o registro dessa escala, e um desenho mais proporcional foi minha escolha.
Dia seguinte, Padoca de novo, agora a Perfil Padaria, outra encontrada por acaso. Essa era mais o esquema de "aqui tem de tudo pra todas as horas do dia". Lugar incrível, muita gente tomando seu café antes de começar o trabalho. Sei lá, acho que o desenho em PB tava melhor, mas nunca dá pra saber o que vai acontecer no sketch não é mesmo?
Dia 7, finalmente conseguir encontrar um habitante do Urban Sketcher São Paulo, e foi logo quem? O gentleman Ronaldo Kurita! Arrumou uma dica super legal do Tatuapé e fomos lá desenhar a primeira casa do bairro, pô, demais, uma casa de bandeirantes perdida ali naquele bairro cheio de ruas apertadas, e é numa dessas ruas que a gente dá nesse oásis de história do Brasil - a Casa do Tatuapé.
A viagem tava acabando, snif, snif, ainda restava vontade pra alguns milhares de desenhos. Mas, é assim, a gente tem que ir embora com vontade de quero mais, assim como no final dos encontros semanais. Fiz meu último sketch paulistano, no Sumaré, uma tentativa de cena noturna, ainda estava apanhando muito da aquarela no sketchbook da Hahnemühle, que é bastante poroso para aguentar muitas camadas de água. Mas até que salvou-se.
Os desenhos foram esses. E como bom caderno de viagem, esses registros são infinitamente mais intensos que as fotos que eu poderia ter tirado. São emoções registradas a fundo, proporcionais ao tempo que dedicamos a elas. E que agora, um ano depois, saltam vívidas. E acredito que continuará assim por muito tempo.
Na janela do apartamento dos amigos que me acolheram no Tatuapé tinha uma bela visão pro rebuliço urbano e um pouco de verde, em primeiro plano, e roubando a cena, a gigante tipuana (essa árvore que eu sei o nome, rs) da praça.
Nesse primeiro dia só consegui desenhar no sketchbook muito mais tarde, quase meia-noite, fazendo um lanche depois do curso e da longa viagem até em casa. Dois casais me fizeram companhia na lanchonete enorme, com muitas mesas, mas quase todas vazias aquelas hora
Dia seguinte, já tinha agenda marcada, tomar café numa Padoca, símbolo máximo, pra mim, dessa cidade. Meus anfitriões fizeram indicações, mas por sorte não encontrei as que eles achavam que eu procurava. Logo perto achei uma de esquina, com sabor de bairro e clientes conhecidos. Roubei uma banqueta e prolonguei meu café para fazer esse registro abaixo.

Repararam as casas coloridas no lado? Confesso que desenhei tudo isso pra enquadrar essas típicas casas paulistanas, de dois andares e coladas nas calçadas, quase sem espaço para estacionar o carro. A padaria se chamava "Trem Bão", ironia de viagem.
Mas vamos em frente que aí vem desenho. No trecho de metrô que não estava lotado, consegui sacar minha caneta e desenhar a cena. Esse desenho aí, fiz a prestação, dia 5 à esquerda, dia 6 à direita. Até o braço da moça tatuado foi em um dia, e a moça da bolsa com desenhos do Romero Brito foi no dia seguinte.
Onde eu fazia o curso, da incrível ilustradora Rebeca Luciani, era perto do Unibes Cultural. Quem mora em cidade grande e depende de transporte coletivo sabe, ou se chega cedo, ou atrasado. No dia que cheguei cedo consegui fazer uma visita lá dentro. Acho que esse é meu sketch com mais jeito de arquiteto que fiz. Mas o ambiente com grande pé direito pedia o registro dessa escala, e um desenho mais proporcional foi minha escolha.

Dia seguinte, Padoca de novo, agora a Perfil Padaria, outra encontrada por acaso. Essa era mais o esquema de "aqui tem de tudo pra todas as horas do dia". Lugar incrível, muita gente tomando seu café antes de começar o trabalho. Sei lá, acho que o desenho em PB tava melhor, mas nunca dá pra saber o que vai acontecer no sketch não é mesmo?
Dia 7, finalmente conseguir encontrar um habitante do Urban Sketcher São Paulo, e foi logo quem? O gentleman Ronaldo Kurita! Arrumou uma dica super legal do Tatuapé e fomos lá desenhar a primeira casa do bairro, pô, demais, uma casa de bandeirantes perdida ali naquele bairro cheio de ruas apertadas, e é numa dessas ruas que a gente dá nesse oásis de história do Brasil - a Casa do Tatuapé.
A viagem tava acabando, snif, snif, ainda restava vontade pra alguns milhares de desenhos. Mas, é assim, a gente tem que ir embora com vontade de quero mais, assim como no final dos encontros semanais. Fiz meu último sketch paulistano, no Sumaré, uma tentativa de cena noturna, ainda estava apanhando muito da aquarela no sketchbook da Hahnemühle, que é bastante poroso para aguentar muitas camadas de água. Mas até que salvou-se.
Os desenhos foram esses. E como bom caderno de viagem, esses registros são infinitamente mais intensos que as fotos que eu poderia ter tirado. São emoções registradas a fundo, proporcionais ao tempo que dedicamos a elas. E que agora, um ano depois, saltam vívidas. E acredito que continuará assim por muito tempo.
30.12.16
Um Rio, muitos Rios
Rio de Janeiro todo mundo sabe, é uma viagem. Setembro passado estive lá. Fui a lugares diferentes e vi Rios diferentes também. Não há como não ter uma síncope de vontade de sair registrando tudo, muita coisa interessante, muita intensidade pra tudo que é lugar que a gente olha, uma doideira.
Na partida em Curitiba já dei de cara com uma prancha de surf, parece que adivinhavam meu destino, corri pro caderninho pra registrar a cena. Escala em São Paulo, tudo bem, garoa vista do alto é bonita, e aquele mar cinza de prédios também é bonito visto das alturas, e dá-lhe caderninho com caneta preta, sépia e cinza.
A melhor coisa pra se aclimatar bem ao lugar que acabou de chegar, é tomar umas no bar mais agitado do local. Botafogo estava fervendo, uma festa, fui lá conferir e bater um papo animado enquanto fazia uns traços.
No CCBB estava rolando uma exposição com quadros impressionistas, nossos ancestrais, rs, não podia perder. Acabei indo duas vezes. Na primeira me distraí desenhando e tive que voltar pra olhar direito a exposição toda. Fiz uns sketches e não fui reprimido pela segurança, vai ver não tinham nenhuma orientação para gente que desenha. É um perigo esse pessoal que anda com tintas na bolsa.
O metrô também estava mais diversificado naqueles dias, tinha a turistada das Paralimpíadas que trouxe para o transporte público um pessoal que não se costuma ver. Nesse desenho que ficou só no grafite, o casal mais idoso da esquerda com roupas de turistas, o casal do meio, quase fazendo sexo, ia com as pernas trançadas, e a moça à direita carregada de bolos e quitutes que me deixaram esfomeado. Que cena amigos, que cena.
O senhor turista mereceu um segundo retrato. Camisa listrada era um convite à experimentar uma linguagem de desenho que ando perseguindo. Um passageiro ao meu lado que me viu retratando o cara me diz: - mostra pra ele, acho que ele vai gostar. Recusei, minha experiência diz que isso não é legal. Se os santos dos sketchers fizerem esse encontro acontecer, beleza, é pra ser. Mas forçar, nunca!
Uma das coisas que mais me empolga são novos desafios de desenho e da aquarela. Pintar cenas noturnas é sempre empolgante, e também frustrante em muitos casos. O cenário aí desenhei num pontinha de banco da praça, único disponível. Tentei ser meio Miha Nakatami, mas como não fiquei feliz com o resultado refiz o desenho novamente, logo depois, em casa, sem o pressa anterior.
Os bairros suburbanos do Rio guardam muitos tesouros que o turismo oficial não mostra. Principalmente os bairros que são servidos pela linha do trem da Central. Marechal Hermes é um deles, a decadência geral não consegue ocultar totalmente o tempo de glória que viveu.
Ah sim, claro, fui lá na Paralimpíada gritar praqueles campeões, imperdível.
Domingão, dia de prestigiar o USK Rio no Quadrado da Urca, lugar incrível, fiz dois desenhos. O primeiro foi pro fundo da Baía da Guanabara de tão ruim que ficou. Tenho dó dos peixes e das cracas que viram aquilo. O segundo, ufa, me redimi um pouco. Talvez tenha sido a marola de maconha que esse figuraça deixou no ar que tenha me inspirado, talvez tenha sido só coincidência e a sorte, que acompanha a quem persiste.
A melhor coisa pra se aclimatar bem ao lugar que acabou de chegar, é tomar umas no bar mais agitado do local. Botafogo estava fervendo, uma festa, fui lá conferir e bater um papo animado enquanto fazia uns traços.
No CCBB estava rolando uma exposição com quadros impressionistas, nossos ancestrais, rs, não podia perder. Acabei indo duas vezes. Na primeira me distraí desenhando e tive que voltar pra olhar direito a exposição toda. Fiz uns sketches e não fui reprimido pela segurança, vai ver não tinham nenhuma orientação para gente que desenha. É um perigo esse pessoal que anda com tintas na bolsa.
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Tentando reproduzir, de pé, Cézanne e Émile Bernard |
Embalei com os impressionista e fiquei com o diabo na caneta, fui devorando com meu caderno as paisagens e cenas que fui vendo ao longo dos dias. Aí embaixo um trio de forró. O desenho nem ficou tão bom, mas a cara que eles fizeram quando mostrei pra eles, afe, devia ter uma foto disso. Foi demais! O trem também deu samba, principalmente pela vendedora de amendoim em cones de papel, um clássico carioca.
O metrô também estava mais diversificado naqueles dias, tinha a turistada das Paralimpíadas que trouxe para o transporte público um pessoal que não se costuma ver. Nesse desenho que ficou só no grafite, o casal mais idoso da esquerda com roupas de turistas, o casal do meio, quase fazendo sexo, ia com as pernas trançadas, e a moça à direita carregada de bolos e quitutes que me deixaram esfomeado. Que cena amigos, que cena.
O senhor turista mereceu um segundo retrato. Camisa listrada era um convite à experimentar uma linguagem de desenho que ando perseguindo. Um passageiro ao meu lado que me viu retratando o cara me diz: - mostra pra ele, acho que ele vai gostar. Recusei, minha experiência diz que isso não é legal. Se os santos dos sketchers fizerem esse encontro acontecer, beleza, é pra ser. Mas forçar, nunca!
Uma das coisas que mais me empolga são novos desafios de desenho e da aquarela. Pintar cenas noturnas é sempre empolgante, e também frustrante em muitos casos. O cenário aí desenhei num pontinha de banco da praça, único disponível. Tentei ser meio Miha Nakatami, mas como não fiquei feliz com o resultado refiz o desenho novamente, logo depois, em casa, sem o pressa anterior.
Os bairros suburbanos do Rio guardam muitos tesouros que o turismo oficial não mostra. Principalmente os bairros que são servidos pela linha do trem da Central. Marechal Hermes é um deles, a decadência geral não consegue ocultar totalmente o tempo de glória que viveu.
Ah sim, claro, fui lá na Paralimpíada gritar praqueles campeões, imperdível.
Domingão, dia de prestigiar o USK Rio no Quadrado da Urca, lugar incrível, fiz dois desenhos. O primeiro foi pro fundo da Baía da Guanabara de tão ruim que ficou. Tenho dó dos peixes e das cracas que viram aquilo. O segundo, ufa, me redimi um pouco. Talvez tenha sido a marola de maconha que esse figuraça deixou no ar que tenha me inspirado, talvez tenha sido só coincidência e a sorte, que acompanha a quem persiste.
Mas chega de conversa né. Voltei à cidade curitibana com mais um desenho de avião. Cena de aviões não são fáceis pra mim. É meio previsível o que se desenha, sei lá, tava difícil. Mas aí achei um pé e do pé surgiu o desenho. Lembrando aquele velho provérbio que diz: - putz.. esqueci.
14.6.16
Leonardo Da Vinci e eu.
Perambulava pela Vila da Glória e já havia desenhado uns barcos no trapiche. Estava com fome e procurei um lugar pra comer e fazer um desenho de barriga cheia, que é melhor. Pedi o tradicional caldo e pastel e comecei a desenhar a sorveteria logo em frente, com uma baita árvore compondo a cena.
Na mesa próxima alguns amigos conversavam animados, já meio altos. Um deles, mais curioso, ordenou ao filho num tom de voz elevado e nada sutil - Vai lá e pergunta pra ele o que ele tá fazendo? O menino veio, tímido, e perguntou o que eu fazia. - Tô desenhando. Respondi. O menino voltou e informou ao pai. Ainda insatisfeito inquiriu o menino: - Mas tá desenhando o quê? Vai lá e pergunta pra ele. O menino veio, resignado e curioso, respondi: - aquela sorveteria ali, e antes tava desenhando os barcos. Mostrei a ele. O mensageiro volta, informa ao pai que finalmente vem verificar pessoalmente o que eu estava fazendo. Olha admirado e faz elogios. Volta à mesa e conta o que viu aos outros. Um deles, bochechas vermelhas e bem "animado" começa a gritar "você é o cara! você é o cara!", mesmo sem ter visto nem um traço na distância que estava. O pai, que se gabava com histórias másculas, teve uma ideia, veio impetuoso em minha direção, acompanhado do herdeiro. - Você desenha tudo né? Tentei explicar que não era bem assim. Não se importou e continuou. - Então, lá na frente da minha casa tem uma parede branca, você pinta uma Santa Ceia lá pra mim? É.. quer dizer. Não me deixou explicar e continuou: - nem precisa se preocupar com tinta, eu tenho tudo, pode deixar, você vai pintar a Santa Ceia lá em casa! Não consegui me desvencilhar da determinação alcoólica dele, pegou até meu telefone e tudo mais. Mas por sorte minha, nunca ligou.
Hoje, passado algum tempo, fico pensando. Pra aquele cara eu era o gênio, o Leonardo Da Vinci das quebradas que brotou na sua Vila e podia pintar uma obra-prima na fachada do seu lar sagrado, seu templo familiar. É claro que não era um cliente muito afável e nem muito santo, para a pintura de uma cena tão divina e elevada. Mas a Igreja Católica também não era, né Leo?
Deu vontade de ter feito minha ceia bíblica com o Cristo dividindo uns pastéis e tomando caldo-de-cana num balcão de lanchonete. Deu vontade...
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