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12.10.15

Hotel Tannenhof - Joinville/SC

  HOTEL TANNENHOF
  por Cláudio Santos

  
  Para minha primeira postagem neste espaço dos correspondentes USK, separei uma aquarela do Hotel Tannenhof de Joinville/SC. Para quem não conhece a cidade, essa edificação se destaca junto às demais da área central devido à forma diferenciada da sua cobertura, típica das construções germânicas que caracterizam a zona urbana e predominavam na época de sua fundação.


  Para um gaúcho recém-chegado a Joinvile, em 2008, e alheio às tecnologias GPS dos smartphones, por diversas vezes esse prédio serviu como marco referencial visual para localização durante as caminhadas de reconhecimento pelo bairro Centro, já que a trama viária nesse setor não é ortogonal e faz com que os visitantes e desavisados sintam-se desorientados constantemente. Claro que existem mapas e placas para guiarem os turistas, mas para qualquer urbanista que se preze, é uma mania e quase um desafio tentar aplicar as teorias e os conceitos de Yi-Fu Tuan, Gordon Cullen e Kevin Lynch para desvendar “in loco” a morfologia das cidades ainda desconhecidas. Ou não é assim com vocês, colegas de profissão?

  Buenas, outra particularidade desse prédio é que o campus da CatólicaSC, onde trabalho desde 2012, está no quarteirão vizinho. Portanto, já vinha observando esse hotel há algum tempo, para decidir qual o melhor ângulo para elaborar um sketch, assim que possível. Então, para execução, devido a essa proximidade, foi mais fácil “escapar” nos intervalos de aula com a pasta de materiais para desenvolver o desenho, que foi iniciado em uma tarde nublada (para Joinville, por sorte não chovia), para depois retornar em um outro dia de sol, até a mesma posição, para concluir a pintura. Bem que tentei finalizar tudo na mesma tarde, mas são 72 sacadas (jamais esqueceria: são 8 em cada um dos 9 pavimentos) em perspectiva; ou seja, quanto mais altas, mais se distorcem e os eixos horizontais “seguem” ao ponto de fuga “da esquerda”, fora da folha. Pela imagem do desenho ainda PB, percebe-se o estágio anterior ao posicionamento de porta por porta, sacada por sacada...


  Procurei registrar por fotos as etapas da construção, para utilizar posteriormente como material didático em sala, bem como para demonstração de que o desenho de observação e a aquarela são bem menos complicados do que parecem, para aqueles que estão iniciando ou querem começar a desenhar. Aproveitei, então, para divulgá-las aqui dessa forma. Quem sabe, assim, essas imagens possam estimular também os admiradores e desenhistas de outras áreas e Cursos, ainda que virtualmente.




  Essa aquarela, além de todo esse contexto, tem um valor especial, pois foi uma das pinturas integrantes do relatório de uma pesquisa desenvolvida com 5 estudantes de Arquitetura e Urbanismo desde 2014, pesquisa essa que virou artigo e será apresentada no final deste mês de outubro no 3º Congresso de Iniciação Científica da Católica de Santa Catarina, Campus Joinville. Esses alunos, dos quais 4 são voluntários e uma bolsista, representaram diversos elementos significativos da cidade de Joinville, totalizando mais de 50 imagens, sob a forma de desenho de observação e pintura manual. Apesar das inúmeras queixas dos acadêmicos, principalmente pelas dificuldades iniciais encontradas em relação ao domínio das técnicas, os desenhos ficaram excelentes e confirmaram que, se houver interesse e dedicação, os bons resultados sempre aparecerão. Se eles me autorizarem, mostrarei algumas aqui no próximo post.

  Considero que experimentos em equipe como esse é o que nos motiva, cada vez mais, a divulgar e estimular a prática persistente da percepção das cidades, do desenho e pintura à mão livre, ampliando assim, constantemente, a habilidosa, talentosa e fraterna família de desenhistas USK.

  Um grande abraço, bons desenhos a todos e até a próxima!


27.9.15

Conheça os Correspondentes: Cláúdio Santos, de Joinville/SC

Cláudio Santos é natural de Porto Alegre/RS. Na infância, morou e estudou em uma cidade próxima, no interior do estado, chamada Camaquã. Possui formação em Arquitetura & Urbanismo pela Universidade Federal de Pelotas (1999). Concluiu Mestrado na Universidade Federal de Santa Catarina (2007), em Florianópolis/SC, na linha de pesquisa Desenho Urbano e Paisagem. Em 2008 iniciou a carreira docente. Já lecionou disciplinas de Teoria do Urbanismo, Desenho Urbano, Desenho Arquitetônico e Projeto de Paisagismo. Atualmente é professor do Centro Universitário CatólicaSC, em Joinville, das disciplinas de Geometria Descritiva, Perspectiva e Desenho de Observação do Curso de Arquitetura & Urbanismo.

O fascínio pelo desenho e pela pintura antecede o período de formação acadêmica. Ainda criança, nas horas de lazer, a distração preferida era reproduzir desenhos dos gibis dos personagens da Disney ou de super-heróis da Marvel, para depois pintar com lápis e hidrocor. Na escola, era “escalado” pelos colegas para desenhar os cartazes nos trabalhos em grupo. No ensino fundamental, tinha adoração pelas aulas de Artes Plásticas, pois as tarefas normalmente envolviam pintura com diferentes materiais e, das disciplinas mais monótonas, costumava desenhar nos cadernos a caricatura dos professores durante as explicações. Hoje, nas disciplinas que leciona, fica preocupado e atento para saber se seus alunos não fazem o mesmo...

USK Joinville . 02 de Setembro de 2015


Durante a faculdade, na década de 1990 em Pelotas/RS, foi estagiário no escritório de um arquiteto aquarelista, onde construía as perspectivas dos projetos em papel manteiga (manualmente, em mesas gigantes e com extensores para fixar os pontos de fuga!). Após, transferia para papel Fabrianno para, então, o arquiteto colorir o desenho. Foi o primeiro contato direto com a prática da aquarela, já que na época os professores do curso não ensinavam essa técnica porque consideravam “difícil” e, aos interessados, só restava aprender através dos livros, bastante escassos, sobre o tema.

Ainda nas fases iniciais do curso, participou de processo seletivo e foi aprovado para a monitoria de Perspectiva e Sombras, uma disciplina temida por todos os colegas de curso. Devido à experiência prévia da monitoria, esse estágio no escritório não foi tão “sofrido” (como teria sido para seus colegas) e despertou o interesse pelo estudo e prática, desde então, das técnicas de pintura aguada, feitas inicialmente em Ecoline. Até concluir a faculdade, como atividade paralela, fez diversas charges para um jornal da cidade, o que auxiliou nas despesas com aquisição dos materiais para experimentação de desenho e pintura.

Aeroporto de Joinville/SC

Barco Príncipe, na Baía da Babitonga . Sãso Francisco do Sul/SC



Hoje no meio acadêmico, considera que, com o advento dos avanços tecnológicos e uso de ferramentas computacionais para a elaboração de desenhos de projetos arquitetônicos, existe uma tendência crescente dos estudantes abandonarem a prática espontânea da representação gráfica através de técnicas manuais. Com isso, se tornam cada vez mais limitadas a capacidade de expressão gráfica sem o apoio de programas e máquinas, além de se tornarem excessivamente padronizados e impessoais os desenhos gerados unicamente pelas ferramentas digitais. Portanto, a formação de profissionais que pouco conhecem do meio onde vivem e que são extremamente dependentes da computação para se expressarem, é motivo suficiente para profundas reflexões no sistema acadêmico de ensino.

Catedral de São Francisco de Paula

Praça da Bandeira, Joinville/SC . Carrocinha de Pipoqueiro ao Sol da Tarde 

Desde 2010 tem se dedicado a estimular as habilidades nos estudantes de arquitetura, design e demais interessados, sob os aspectos de aprimoramento da percepção dos espaços públicos e cenários que as cidades oferecem, bem como aperfeiçoar o uso de técnicas de representação gráfica à mão livre com aplicação de cores. Recentemente, ministrou workshops e promoveu eventos que auxiliaram na estruturação e fundação do grupo USK Joinville.