HOTEL TANNENHOF
por Cláudio Santos
Para minha primeira postagem neste espaço dos correspondentes
USK, separei uma aquarela do Hotel Tannenhof de Joinville/SC. Para quem não
conhece a cidade, essa edificação se destaca junto às demais da área central devido
à forma diferenciada da sua cobertura, típica das construções germânicas que
caracterizam a zona urbana e predominavam na época de sua fundação.
Para um gaúcho recém-chegado a Joinvile, em 2008, e alheio
às tecnologias GPS dos smartphones, por diversas vezes esse prédio serviu como marco
referencial visual para localização durante as caminhadas de reconhecimento
pelo bairro Centro, já que a trama viária nesse setor não é ortogonal e faz com
que os visitantes e desavisados sintam-se desorientados constantemente. Claro
que existem mapas e placas para guiarem os turistas, mas para qualquer
urbanista que se preze, é uma mania e quase um desafio tentar aplicar as
teorias e os conceitos de Yi-Fu Tuan, Gordon Cullen e Kevin Lynch para
desvendar “in loco” a morfologia das cidades ainda desconhecidas. Ou não é
assim com vocês, colegas de profissão?
Buenas, outra particularidade desse prédio é que o campus da
CatólicaSC, onde trabalho desde 2012, está no quarteirão vizinho. Portanto, já
vinha observando esse hotel há algum tempo, para decidir qual o melhor ângulo
para elaborar um sketch, assim que possível. Então, para execução, devido a essa
proximidade, foi mais fácil “escapar” nos intervalos de aula com a pasta de
materiais para desenvolver o desenho, que foi iniciado em uma tarde nublada (para Joinville, por
sorte não chovia), para depois retornar em um outro dia de sol, até a mesma posição, para concluir a
pintura. Bem que tentei finalizar tudo na mesma tarde, mas são 72 sacadas
(jamais esqueceria: são 8 em cada um dos 9 pavimentos) em perspectiva; ou seja,
quanto mais altas, mais se distorcem e os eixos horizontais “seguem” ao ponto de fuga “da esquerda”,
fora da folha. Pela imagem do desenho ainda PB, percebe-se o estágio anterior
ao posicionamento de porta por porta, sacada por sacada...
Procurei registrar por fotos as etapas da construção,
para utilizar posteriormente como material didático em sala, bem como para demonstração
de que o desenho de observação e a aquarela são bem menos complicados do que
parecem, para aqueles que estão iniciando ou querem começar a desenhar. Aproveitei,
então, para divulgá-las aqui dessa forma. Quem sabe, assim, essas imagens possam
estimular também os admiradores e desenhistas de outras áreas e Cursos, ainda
que virtualmente.
Essa aquarela, além de todo esse contexto, tem um valor
especial, pois foi uma das pinturas integrantes do relatório de uma pesquisa
desenvolvida com 5 estudantes de Arquitetura e Urbanismo desde 2014, pesquisa
essa que virou artigo e será apresentada no final deste mês de outubro no 3º
Congresso de Iniciação Científica da Católica de Santa Catarina, Campus
Joinville. Esses alunos, dos quais 4 são voluntários e uma bolsista, representaram
diversos elementos significativos da cidade de Joinville, totalizando mais de
50 imagens, sob a forma de desenho de observação e pintura manual. Apesar das inúmeras
queixas dos acadêmicos, principalmente pelas dificuldades iniciais encontradas
em relação ao domínio das técnicas, os desenhos ficaram excelentes e
confirmaram que, se houver interesse e dedicação, os bons resultados sempre aparecerão.
Se eles me autorizarem, mostrarei algumas aqui no próximo post.
Considero que experimentos em equipe como esse é o que nos
motiva, cada vez mais, a divulgar e estimular a prática persistente da
percepção das cidades, do desenho e pintura à mão livre, ampliando assim,
constantemente, a habilidosa, talentosa e fraterna família de desenhistas USK.
Um grande abraço, bons desenhos a todos e até a próxima!
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