Não
tinha um terreno baldio aqui na esquina de casa? O cãozinho não
respondeu. Só fez o que estava ali para fazer todas as manhãs:
xixi. Ficaram os dois olhando o tapume metálico que cercava todo
aquele terreno. No dia seguinte o cão percebe o movimento de um
inseto gigante e amarelo do outro lado da cerca emitindo sons
metálicos e hipnóticos, carregando coisas de um lado para o outro e organizando
os movimentos de seus operários. O bípede olha as fotos meramente
ilustrativas de propaganda do novo condomínio: dois ou três quartos
com suíte, segurança, localização privilegiada, varanda com
churrasqueira e vaga na garagem. Pronto. Sem perceber ele já está
preso naquele sonho amarelo e o cãozinho percebe o sorriso disfarçado
do inseto gigante que não para de trabalhar. Dia após dia o inseto
segue empilhando e organizando os tijolos, barras de ferro e tem
outros insetos que trazem o concreto de longe, já quase pronto. Tudo
é urgente e o trabalho segue noite adentro. Repentinamente, da
mesma forma como surgiu, o inseto desaparece e fica só o edifício
concluído. Os novos proprietários trazem suas mudanças e se instalam confortavelmente. O
cãozinho sabe que o inseto amarelo ainda está lá, escondido. Suas
antenas são visíveis no topo do edifício e ele transporta as pessoas para cima e para baixo parando no andar certo e organizando
os bípedes em seus apartamentos.
Gostei muito desse texto também. Será que ele não está pedindo uma continuação?
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