A bicicleta
do meu pai
Antes mesmo
de falarem sobre os assuntos relacionados ao ecologicamente correto,
sustentabilidade, meu pai já era uma pessoa que vivia e pensava assim, mesmo
que intuitivamente. Desde a minha adolescência o único meio de transporte que
ele usava era sua bicicleta. Uma Monark com quadro triangular e garupa, nela se
fazia de tudo: levava a gente pra escola, carrega a feira, ia-se para o
trabalho e etc. E, eu e meus irmãos, só a usávamos para brincar. Nas férias,
era uma festa! Juntávamos um grupo de amigos e fazíamos longos passeios pela
cidade à tarde toda. Havia disputa para ver quem conseguia andar a rua toda sem
as mãos no guidão. Era uma farra! Sem falar que ela rendeu grandes confusões e
risadas na família. Um dos casos era quando meu irmão saia com a bicicleta pra
fazer alguma coisa na rua e a esquecia no local aonde ia. Então, quando meu pai
chegava à noite em casa e perguntava pela bicicleta, meu irmão se lembrava que
tinha esquecido em tal lugar. Meu pai saia correndo para encontrá-la e ela tava
lá sozinha, só esperando seu dono. No interior, antigamente, era assim: Ainda
tínhamos essa pureza de não se mexer no que é dos outros.
Quando
viemos morar na Capital (SãoLuiz/MA), meu pai não abandonou seu hábito de andar
de bicicleta, sua companheira constante de andanças pela ruas de Bacabal/ MA. Mesmo
com as dificuldades que se tem na cidade grande, sem ciclovias e sinalizações
que guiem os que andam de bicicleta, ele ainda pedala pra tudo quanto é canto. Vai
até a casa do meu irmão que fica em um bairro próximo de onde moramos, para pegar
suas netinhas para passar o dia com ele. Tenho minhas preocupações, pois ele já
tem seus 80 anos, mas depois penso (eu acho!), que foi esse hábito de andar de
bike que o levou a ter essa longevidade e disposição que tem ainda hoje. Quisera
eu herda essa sua disposição e vitalidade. Tenho que andar mais de bike!
Um detalhe
peculiar de sua bike de hoje, é que ela não está pintada e tem um aspecto de
velha, mas ele fala que não manda ajeitar para ela não ficar com cara de nova.
Só assim: evitar ser roubada. “Coisa nova chama atenção”, diz ele. Sabedoria do
Seu Fernando Pessoa. Ela também tem um quadro raríssimo, pois o aro do meio não
tem emenda de solda. Até já ofereceram uma bike nova em troca desse quadro, mas
ele fala que não troca por nada.
Com esse meu
sketch faço aqui uma singela homenagem a esse grande homem que é meu pai que
tem nome de poeta.
Oi Regina!
ResponderExcluirMuito legal a história e maravilhosa a aquarela.
Fazia tempo que não via aqui no USKB uma aquarela pura.
Um abraço no Seu Fernando.
Muito bom desenho Regina!
ResponderExcluirObrigada Jony e Edu
ResponderExcluirO desenho é muito bonito, mas a homenagem filial é um estouro, Regina. O desenho merece uma moldura e será( tenho certeza que sim!)um presente muito bem recebido pelo Seu Fernando Pessoa.
ResponderExcluirObrigada Prof Doralice
ExcluirDesenhado com o coração...
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