Nos últimos dias percebi que só
os ladrões de banco conseguem entrar na Caixa Econômica de Cubatão. Minha
cidade tem o maior pólo industrial da América Latina e com as instalações das
portas giratórias e os funcionários das indústrias do Pólo usando as botinas
com bico de aço, resultam em filas enormes, que chegam a lamber as calçadas, de tanta gente.
Mês passado fui apenas buscar um novo cartão
do banco e acreditando que isto levaria poucos minutos, deixei a minha bolsa
com o Ivo, dono da maior banca de jornal da Avenida 9 de abril.
Só para entrar no banco forma mais de vinte minutos na fila e ouvindo as mais diversas conversas e os mais criativos palavrões.
Quando passou a
primeira meia hora, já estava agoniado e agonizando, pois tinha deixado o meu caderno dentro
da mochila.
Por sorte minha caneta estava no
bolso e não pensei duas vezes. Utilizei a senha de atendimento para rascunhar
alguma coisa.
Claro que passou mais meia hora e
eu ainda estava preso no banco. Na verdade, se é difícil entrar, sair de um banco hoje
é uma verdadeira jornada épica. Peguei o segundo suporte que estava à mão.
Propaganda do Bolsa Família |
Fiquei mais uma hora no banco e
sai sem o meu cartão de crédito.
Isto tudo é para demonstrar que é
muito bom ter a caneta predileta, o caderno da vez, o lápis de cor, a aquarela
e tudo mais que é da nossa predileção à mão, mas quando não dá, atacamos os suportes
que temos por perto.
minha sogra Sueli Regina, sofrendo, assistindo uma partida de Vólei na Rio 2016 |
Hoje não pensamos duas vezes em levar nossos cadernos para todos os lugares, mas nem sempre foi assim, quando o único suporte que nos restava era um belo ou sujo guardanapo de um restaurante qualquer.
Guardanapo da mais famosa Cantna de Massa de Santos |
Isto remete a vasta coleção de
desenhos feitos por uma enormidade de artista e arquitetos em guardanapos de restaurantes. http://www.archdaily.com.br/br/768632/17-croquis-de-guardanapo-feitos-por-arquitetos-famosos.
Os últimos que apreciamos foram
do cineasta Tim Burton, em sua exposição que passou, neste ano, em algumas
capitais do Brasil,com um série significativa de desenhos neste suporte.
Temos amigos que desenham em
folhas de árvores encontradas pelo caminho - Sandra
Kuniwake - , em copinho de café, em prendedores de roupa – como
o presente da amiga Chris Avela César no Encontro de Curitiba, em papelão, em
madeira de demolição, nas paredes – vide André Coelho e nos muros – não estou
falando de pichadores, mas no Raro de Oliveira, Fabiano Vianna e João Paulo de
Carvalho, no lindo Scretkwall, vidro, alguns ouçam desenhar no corpo alheio - Claúdio Cruz- e
etc...
Claro que o suporte adequado traz o resultado esperado, mas ao mudarmos o suporte, na maioria das vezes é
necessário mudar o jeito de olhar e a técnica utilizada e a benfazeja surpresa do
resultado, o que permiti observar com mais atenção, os desenhos realizados de
forma distinta daquela que utilizamos freqüentemente e encontrar beleza naquilo
que anteriormente considerávamos banal ou trivial demais.
Acho que é desnecessário lembrar que o quê gostamos é
de desenhar, desenhar e desenhar, não importando como, em quê e onde.
Carlos Roque Barbosa de Jesus
Cubatão – SP.
Seja bem-vindo ao "clube" ! Parabéns pela sketch-crônica! Eu, também, costumo usar o que está à mão para fazer algum sketch, em salas de espera e filas.
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