Compartilho
com alguns amigos e em especial com o Alexandre Jr., o gosto de desenhar em
transporte público. Ele no conforto do metrô da capital mineira e eu, nos
ônibus que cruzam esta terra úmida da baixada Santista. Como o ar está seco
nestes últimos dias. Meu nariz parece uma chaminé abandonada.
Mas
para isso é preciso estratégias.
Primeiro,
escolher o local onde sentar e o melhor lugar é na cadeira que fica em cima do
eixo traseiro do ônibus. É um lugar mais alto e tem duas vantagens: primeira –
a noite você fica mais perto da luz, isto é, quando o motorista acende as luzes
ou elas não estão queimadas e segundo- você se livra do risco de ter uma careca
brilhante, tampando seu horizonte e saber a hora certa de colocar e retirar a
caneta do papel, para que seu desenho capte o sacolejar do ônibus, mas que
tenha ao menos, um pouco de nitidez.
Mas
estamos em tempos de ruínas, os mais otimistas diriam tempo de reconstrução,
mas não tenho tempo para eles, vejo tudo caindo de podre, espalhando cacos e
pedaços, daquilo que erguemos com muito sacrifício.
E
todos concordaram que transporte público nunca foi uma prioridade, ganhando
mais atenção apenas do nosso sistema de saneamento básico.
Com
os eventos da copa do mundo e das olimpíadas, o termo mobilidade entrou em
voga, com promessa que não mais perderíamos horas do dia, presos em
engarrafamento enormes e olha que já mudou muitas coisas nestes últimos anos
por causa de vinte centavos de aumento na passagem, mesmo pouquíssimas pessoas
tenham dado atenção ao slogan da época, que aquilo tudo começou e se espalhou
por quase todo o país, não era apenas pelos vinte centavos. Era para jogar o
Brasil em um outro ritmo, mesmo que continue parado.
Os
ônibus do transporte público, que agora competem com o transporte alternativo de
vans, que ajuda em seu sucateamento, talvez sejam a face mais nítida deste novo
Brasil, que a cada dia nos faz lembrar das nossas escolhas determinadas pelo fígado, em produção de uma quantidade exagerada de bile verde e amarga.
Digo
sim, porque ontem voltando de Santos tive prova cabal desta situação. O primeiro
ônibus passou e não parou e que agora, me parece ser melhor e mais bem
iluminado, mudando de faixa, deixando com a mão estendida no vazio.
Menos
de um minuto depois chegou outro, na sorte que me sorriu, em parte, e
certamente decretou mais de uma hora de espera para que perdeu os dois ônibus.
Claro,
sentei no lugar mais alto para ler, terminar um livro que comecei na semana
passada e diz do dizer da feitura de um outro livro, na metalinguagem que não
me agrada e estava no finalzinho, duas ou três páginas e com o caderno de
desenho pronto para entrar em ação.
Mas
antes de chegar ao final da quadra, mudei de ideia. Simplesmente aquilo que chamam
de suspensão estava ausente no mecanismo deste veículo. Passou em um buraco
discreto e os bancos, que não são nada macios, não impediram que o baque
violento, me fizesse sentir que o meu cóccix tinha sido partido ao meio.
Mudei
para um banco entre os dois eixos, que é o lugar em que, em tese, temos a
melhor estabilidade. Mas o banco estava solto. Nova mudança e onde sentei, as
janelas chacoalhavam tanto, batendo uma na outra, sem a espuma de proteção que
deveria existir entre eles, que tive a certeza que se partiriam em um milhão de
estilhaços ao passarmos em um outro buraco, resultando em banho de cacos de
vidros, afiados e cortantes.
Mudei
novamente, na minha migração em viagem interna.
Mas
antes de me sentar, o motorista, que estava na missão secreta de arrancar o seu
progenitor do aparelho de aplicação de aniquilação por asfixiamento, fez uma
curva tão fechada, arrastando a traseira do ônibus para fora da curva e
lançando-me de encontro a lateral do ônibus, batendo a cabeça e o ombro direito,
freando em seguida, atirando-me contra o banco da frente, machucando o outro
ombro e espalhando as minhas duas mochilas – uma estava aberta – e o meu livro
e o meu caderno pelo chão.
Consegui
sentar, recolher as minhas coisas e desisti de ler, de desenhar, cruzando os
braços, massageando o ombros e me perdendo na sensação boba de um início torturante de uma dor de cabeça.
Nunca
fiz uma viagem tão rápida neste percurso e se fosse cronometrada, ainda
ganharia uns breves segundos, porque desci do ônibus quase em movimento, no
meio do cruzamento, onde o motorista parou em lentidão, para não dar passagem
para que ninguém ousasse ficar em sua frente, atrapalhando-o cumprir sua
missão. Espero, com toda fé que me restou, que tenha conseguido salvar o seu
amado pai.
Cheguei
em casa me arrastando, com o corpo, comumente cansado, muído e dolorido e mesmo
não ficando marcas, mimetizei as costas lenhadas pelo ferro e pela chibata dos
homens escravizados, em todo o seu martírio de carga e canga. Hoje as marcas mais
profundas ficam na parte de dentro e um banho quente sempre nos ajuda a dormir
melhor, mesmo depois, de viajar; mesmo contra a nossa vontade; para o fim do
mundo.
Carlos Roque Barbosa de Jesus
09 de agosto
de 2019
Belo texto, belos desenhos!
ResponderExcluirASS..WR.WB.SAYA pak resky TKI BRUNAY DARUSALAM INGIN BERTERIMA KASIH BANYAK KEPADA EYANG WORO MANGGOLO,YANG SUDAH MEMBANTU ORANG TUA SAYA KARNA SELAMA INI ORANG TUA SAYA SEDANG TERLILIT HUTANG YANG BANYAK,BERKAT BANTUAN EYANG SEKARAN ORANG TUA SAYA SUDAH BISA MELUNASI SEMUA HUTAN2NYA,DAN SAWAH YANG DULUNYA SEMPAT DI GADAIKAN SEKARAN ALHAMDULILLAH SUDAH BISA DI TEBUS KEMBALI,ITU SEMUA ATAS BANTUAN EYANG WORO MANGGOLO MEMBERIKAN ANGKA RITUALNYA KEPADA KAMI DAN TIDAK DI SANGKA SANGKA TERNYATA BERHASIL,BAGI ANDA YANG INGIN DIBANTU SAMA SEPERTI KAMI SILAHKAN HUBUNGI NO HP EYANG WORO MANGGOLO (082-391-772-208) JANGAN ANDA RAGU ANGKA RITUAL EYANG WORO MANGGOLO SELALU TEPAT DAN TERBUKTI INI BUKAN REKAYASA SAYA SUDAH MEMBUKTIKAN NYA TERIMAH KASIH
ResponderExcluirNO HP EYANG WORO MANGGOLO (082-391-772-208)
BUTUH ANGKA GHOIB HASIL RTUAL EYANG WORO MANGGOLO
DIJAMIN TIDAK MENGECEWAKAN ANDA APAPUN ANDA MINTA INSYA ALLAH PASTI DIKABULKAN BERGAUNLAH SECEPATNYA BERSAMA KAMI JANGAN SAMPAI ANDA MENYESAL