8.7.14

Do Edifício de Eduardo ao "Edifício" de Eisner

Domingo, dia 29 de Junho de 2014. Manhã invernal fria, ventosa, chuvosa, tipicamente curitibana. Fomos desenhar em frente ao edifício Eduardo VII, próximo à Praça Tiradentes. Para saber mais sobre o prédio propriamente dito visite esta matéria da Gazeta do Povo.

Os croquiseiros timidamente foram surgindo, abrigando-se sob as mais frondosas árvores e pontos de ônibus para desenhar. Tanto outros croquizeiros também começaram. Sueli Bmp, Raro de Oliveira, Rubens Gennaro, Simon Taylor, Fernando Popp, Reinoldo Klein, Lia Rossi, Wagner Polak, André Coelho, Thiago Salcedo, Paco Steinberg, Emiliano França... entre outros.


Foto de Lia Rossi

Simon Taylor apareceu com a clássica graphic novel “O Edifício” de Will Eisner e pudemos comparar in loco a semelhança como nosso tema. Incrível. Depois apareceu o escritor Eduardo Capistrano (que prometeu fazer uma crônica sobre o encontro), revelou que seu nome foi dado porque sua mãe trabalhou durante muito tempo no edifício ao lado (no Banco do Brasil) e lia todos os dias o nome “Eduardo” na fachada em frente.

 Foto de Susan Blum.


Na noite anterior Marconi já havia montado um cavalete com um grande formato na posição vertical capaz de conter o longilineo prédio Eisneriano. A composição partiu do desejo de enfatizar a verticalidade, pois ele já havia estudado o prédio e sabia de cor o número de andares e a importância de registrar com certa coerência a imposição dos dramáticos pontos de fuga.

E os personagens típicos do centro foram brotando em volta da cabeça do Fabiano. Senhores elegantes armados com cachimbos fumacentos, incomensuráveis guarda-chuvas, paletós quadriculados, celulares fotografáveis. Indo em direção à Boca Maldita. Mãe e filha abrigando-se nas marquises (algumas vindo da missa na Catedral, outras da feirinha do Largo da Ordem), putinhas da Cruz Machado (com indefectíveis shorts ainda mais miniaturizados), vira-latas úmidos aventureiros de grandes avenidas... Alguém contou uma história de fantasma sobre o prédio. O clima estava propício para isto. Folhas secas voavam contra nossas faces.


Foto de Washington Takeuchi.



Sempre que fazemos desenhos em grupo, nos sentimos parte de uma banda de rock em plena "jam session". "Eu que nunca tive uma banda. A sensação é muito boa. Fazer parte de algo e se aproximar dos comparsas croquiseiros." - disse Fabiano.

Na construção deste tipo de desenho é preciso exercitar algumas qualidades criativas pouco usuais ao desenho solitário, pois exige que os colegas consultem uns aos outros, troquem sugestões, improvisem e "criem" em cima da criação dos colegas, porém buscando valorizá-las (uma verdadeira arte).

Dividir o traço e as impressões da mesma cena observada. Isso é revigorante e energizante pacas! Matamos a pau no nosso show.

Foto de Washington Takeuchi.

Foto de Francisco Camargo.

A formação da banda deste domingo foi: José Marconi Bezerra de Souza (composição, direção, técnica, texturas, aplicação das folhas), Fabiano Vianna (personagens, animais, crônica), João Paulo de Carvalho (paleta e aplicação de cores), Cassio Shimizu (texturas adicionais) e Doralice Araújo (detalhe de brilho no guarda chuva esquerdo e escritos nas placas).


Técnica mista: nanquim colorido, aquarela, caneta posca, marcadores, folhas de árvores, colagem e muita alegria sobre papel tipo Canson "c a grain".


* *

Mais uma surpresa: Ivan Anzuategui espichou seu papel craft tamanho "quase" 1:1 sobre o piso da Praça. Fixou-o com latas de laquê para não voar com o vento que estava forte. E mandou ver em seu traço selvagem e visceral.

Foto de Washington Takeuchi

No final fizemos nossa tradicional exposição dos desenhos no canteiro da Tiradentes. Marco Zero curitibano. Sob os olhares das estátuas e dos turistas da Copa, que aproveitavam seus últimos dias na cidade, cruzando o centro em direção à feirinha do Largo da Ordem.

 Foto de Lia Rossi

Finalmente, fizemos o sorteio de uma cópia da Graphic Novel de Will Eisner "O Edifício", a qual foi doada pelo generoso Wagner Polak. O ganhador foi nosso querido arquiteto Emiliano França, o destino desta vez fez justiça.

  Foto de Lia Rossi


(Texto de Fabiano Vianna e José Marconi, 01/07/14)

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