26.7.16

Diário Gráfico: abstraindo o cotidiano

Diário Gráfico: abstraindo o cotidiano

Carro e bomba de gasolina, quintal com bomba d'água, mangueira, cajueiro e gato

Após o #53 Encontro USk Salvador em Plataforma fomos a um maravilhoso almoço na casa do grande Mestre Nei Barreto. À propósito foi o mote de visitar a marcenaria do seu pai - o Grande Mestre Gogliarte, fantástico artista visual e exímio escultor da cena modernista do Estado da Bahia. Mas fomos agraciados, famintos que estávamos depois do encontro de croquis... por uma deliciosa feijoada carioca!

Antes mesmo... passeamos, como já fiz diversas vezes, naquele humilde sítio da distinta família, e percorremos obra a obra de detalhes arquitetônicos feitas com extremo esmero e afinco pelo amigo Gogliarte, na sua e nas casas de seus filhos. Escadas, guarda-corpos, empenas, estruturas de telhados, tesouras, chanfros, ondulações, arremates, encaixes, cachorros de telhados, barrotes empenados, montantes encurvados... tanta maestria técnica e artística para com um dos mais nobres materiais construtivos: a madeira. E só ao fim, chegamos à marcenaria - aquele templo mágico de Gogliarte.

Infelizmente, ou melhor, felizmente... boquiabertos nós companheiros, e eu mais uma vez, não dispomos de nenhum momento para desenhar estas maravilhas. Mas talvez um dia faremos um Encontro USk neste bucólico ambiente se a família o permitir.

E se o leitor se perguntar... mas o que é que tem a ver o carro e a bomba de gasolina, o quintal com bomba d'água, a mangueira, o cajueiro, o gato? Nada. Eu sai dali tão inspirado que não parava mais de desenhar o que via... desenhar o cotidiano do posto de gasolina onde abastecemos o automóvel, o quintal da casa de Alê (mais uma vez, dentre dezenas de vezes) e isso em companhia do distinto modelo felino Frodo.

Essa postagem é apenas para refletir o quão abstrato pode ser uma página de um Diário Gráfico de um Urban Sketcher. Não ter um propósito lógico, claro, pré-determinado, consciente. Apenas desenhar... e tentar chegar próximo à arte do Mestre Gogliarte, e fazer dos nossos materiais de desenhos e dos desenhos do nosso cotidiano, o nosso templo do desenho.

Obrigado ao Mestre Nei e à sua família por nos proporcionarem momentos tão felizes.

André Lissonger



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