Foto: Ari Lopes da Rosa
Inauguramos ontem uma exposição de retrospectiva de trabalhos do grupo Urban Sketchers Curitiba, na Gibiteca – Solar do Barão. Neste lindo espaço cultural, construído em 1880, para servir de residência ao ervateiro Ildefonso Pereira Correia – o Barão do Serro Azul, estão reunidas importantes unidades da Fundação Cultural de Curitiba, relacionadas às artes gráficas: o Museu da Fotografia, o Museu da Gravura, o Museu do Cartaz e a Gibiteca. A sala é linda e possui além de um espaço amplo expressivo, mesas de vidro onde pudemos expor materiais, sketchbooks, originais, livros e cartazes. É como se as obras da parede espelhassem o modus operandi e as almas de cada artista preservadas sob o vidro. A exposição segue aberta até dia 28/2/17. Visitem e convidem seus amigos! O endereço fica na Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 533 – Centro.
Foto: Rogério Shibata
Foto: Fabiano Vianna
Simon Taylor
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Urban sketchers são criaturas bem estranhas. Aparecem
de repente, de todos os cantos da cidade. Munidos de aquarelas, marcadores,
canetas, penais, pincéis, cadeiras de praia, bancos dobráveis. Com objetos
estranhos e motivações curiosas – desenhar tudo o que veem.
Invadem as praças e sítios urbanos. Surgem
acompanhados de fotógrafos igualmente estranhos.
Ao anoitecer, voltam para suas casas com seus
sketchbooks lotados de desenhos. Satisfeitos como pescadores – com samburá
cheio de peixe.
Foto: Fabiano Vianna
Alguns passam os dias da semana retocando as
paisagens. Uma pincelada aqui e outra acolá.
E somente quando reveem as aquarelas é que realmente
aproveitam as cenas desenhadas.
Como se o real só pudesse ter acontecido se foi
desenhado.
O desenho é a prova que esteve e vivenciou os fatos.
Fazer um sketch (assim como a fotografia), é de certa
forma se apropriar dos instantes. Capturar o tempo. Mas não é como a
fotografia. Cada fotografia guarda em si minúsculos milésimos de segundos e
dentro de cada sketch dormem centenas de fotografias.
Os uskers (como costumamos chamar) levam para suas
casas a cidade na forma de sketches estáticos congelados.
Mas alguns detalhes os desenhos não conseguem enlaçar:
as conversas sobre materiais e pincéis, os causos de viagem, as experiências
com “uskers” de outras cidades, as histórias dos amigos fotógrafos, as
preferências gráficas e descobertas novas...
O Urban Sketchers Curitiba surgiu em Junho de 2015 –
totalmente conectado ao movimento dos desenhistas de rua, que em diversas
partes do globo, empenham-se em capturar a vida das cidades.
Foto: Fabiano Vianna
Foram 75 encontros semanais (até agora) com centenas
de desenhos fantásticos. Desde lugares tradicionais como – MON, Jardim
Botânico, Rua XV de Novembro, Rua 24 Horas, Solar do Rosário a outros
inusitados como – uma fábrica de aviões no Bigorrilho, ensaio da Orquestra
Sinfônica do Paraná, Templo da Ordem Rosa Cruz, uma casa de madeira atrás da
moita protegida por rasantes de andorinhas de porcelana, casas portuguesas
temperadas com traços de Lolô Cornelsen, um templo de Musas Pitagóricas
invisíveis, o ensaio de um balé fugaz, o escritório de um arquiteto renomado,
uma casa de lambrequins de ovelhas sem ovelhas, um antigo moinho ocupado, uma
remota fábrica de fitas dominada por trepadeiras, a casa-museu de Vilanova
Artigas...
Fotos: Washington Takeuchi
Dizem que cada cidade possui uma luz, nebulosidade e
atmosfera própria. Se isso for verdade, cada uma possui seus urban sketchers
únicos. E dentro de cada um, uma infinidade de paletas, técnicas, pontos de
vista, nasceres de sol, chuvas, lembranças e criaturas.
Urban sketchers são criaturas bem...
(Fabiano Vianna, 24/11/16)
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