Durante as últimas semanas de dezembro estive em férias, que passei na casa dos meus pais, em Santa Bárbara d'Oeste. Nesse tempo procurei, através do desenho, redescobrir a cidade onde passei minha infância e adolescência. O olhar viciado, acostumado a procurar e a encontrar tudo aquilo que penso saber da cidade, sempre me dizia que nela não há nada de interessante. Aqui vão alguns dos registros dessa minha busca.
Esta é da parte mais antiga da cidade. Zona limítrofe, são as ruas finais da parte central. A declividade acentuada vem da proximidade com a várzea de um rio. A demolição de um muro nesta esquina revelou a intimidade até então escondida nesta edificação cujo uso não consigo identificar (uni ou multifamiliar?)
Seguindo caminhando à esquerda, esta mesma rua (João Batista Furlan) termina em uma curva que desce à Rua Inácio Antônio, que margeia a várzea. Olhando pra trás, vejo este interessante conjunto de casas. As entradas, acessos, a relação espaço público x privado são de uma inventividade tão grande que lamento não ter conseguido captar deste ângulo.
Avançando um pouco mais na periferia, me lembrei de registrar este encontro de duas avenidas que margeiam a ferrovia, sob a Rodovia Luiz de Queiroz. Só há espaço para um veículo por vez e, como a curva é extremamente acentuada, a visão é bloqueada pelo arrimo da ponte. Um semáforo controla a passagem dos veículos. Atravessar o sinal vermelho é correr o risco de uma batida frontal.
Colocar em evidência aquilo que passa desapercebido é uma das qualidades da atividade de desenhar. Aqui uma homenagem ao artista desconhecido que grafitou este muro, na Rua Leroy Bookalter.
O tempo chuvoso me obrigou a procurar um espaço protegido. No espaço de exposição do CEDOC da Fundação Romi registrei este trator Toro ano 1948.
As trocas, o trabalho, o espaço público e sua apropriação, o conceito do abrigo, seja ele uma árvore ou a lona de um carrinho de lanches. Todas estas ideias me vieram à mente depois deste desenho. Não sei dizer bem o porquê da escolha do objeto. Talvez estas ideias já estivessem latentes, esperando que fossem desenhadas.
E por fim, este antigo caminhão Mercedes-Benz. Sempre em frente à casa do proprietário, parece já fazer parte da rua.
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